CRIANÇA, COMO TODO ADULTO DEVE SER

Quem um dia não olhou pra uma criança e fez aquele comentário com a pessoa ao lado ou mesmo em sua mente: “ah, como é bom ser criança. Não precisar se preocupar com nada!”? Se você já fez este comentário ou mesmo pensou nisso, meus parabéns, você é um adulto! Um adulto com responsabilidades, com preocupações do dia a dia como trabalho, escola/faculdade, família, relacionamentos… e tudo isso um dado momento consome um pouco das nossas energias e por vezes nos vemos assim, com saudade do tempo em que não tínhamos nada com o que se preocupar. A boa notícia é que, se temos preocupações, tivemos avanços, crescemos… na vida profissional, emocional, intelectual… crescemos, evoluímos! Afinal, este é o ciclo da vida. Aqueles que nos criaram dedicaram suas vidas para nos ensinar a viver, nos ensinar a lidar com os nossos desafios de vida, porque certamente eles viriam, e mais ainda virão. Porque não há avanço sem desafios, não há crescimento se não houverem problemas para serem resolvidos. Lembra lá, quando éramos crianças e a nossa preocupação era apenas responder os “problemas de matemática”? Eu me lembro que era sempre um desafio enorme pra mim ter que interpretar o texto, entender exatamente do que se tratava aquele problema, pra ainda criar uma conta matemática pra então chegar a uma conclusão. Hoje, precisamos novamente interpretar as situações do nosso dia a dia, fazer cálculos de onde os caminhos nos levarão e fazer escolhas, “responder problemas” que dirigirão a nossa vida por caminhos de benção ou de erros. E o caminho para uma resposta correta é mais simples do que parece: voltar a pensar como criança! “Então Jesus chamou uma criança pequena e a colocou no meio deles. Em seguida disse: ‘Eu lhes digo a verdade: a menos que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no reino dos céus’.” (Mateus 18:2-3) Existem diversas interpretações do que de fato Jesus quis dizer nesta ocasião, mas certamente uma delas é que o olhar de uma criança, dependente do seu pai e sempre disposta a aprender e a receber direcionamento e respostas às questões que orbitam seu coração sempre será o caminho para recebermos o auxílio do Pai Celestial. Como um professor que nos ensina e ajuda a responder os “problemas matemáticos”, ou um pai, que nos ajuda e ensina a termos caráter e enfrentar os desafios que a vida nos trará, assim também o Pai Celeste cuida e ensina aqueles que, como criança, se submetem a aprender e ouví-lo.  Que neste dia das crianças não apenas celebremos com nossos filhos, mas que nós adultos, também nos voltemos para o Pai Celestial, a fim de recebermos dele o presente da sabedoria e do equilíbrio de vivermos plenamente Seus planos para nós.

VOCAÇÃO E CHAMADO

Duas questões essenciais para conhecer e ensinar à igreja local Todo cristão, em algum momento da vida, já deve ter se perguntado: “Deus tem um propósito para minha vida? Ele tem um plano específico para eu realizar? Qual a vontade de Deus para mim? Qual é o meu chamado?”. Afinal, é a Bíblia mesmo que nos alerta: “Portanto, não sejam insensatos, mas procurem compreender qual é a vontade do Senhor” (Ef. 5.17 NVI). Talvez ainda agora estejamos nos indagando sobre isso. Ou quem sabe ainda não temos a convicção que gostaríamos de ter sobre o assunto. Nesse caso, podemos nos sentir inseguros, indecisos ou desorientados quanto ao nosso futuro como cristãos, principalmente se já ocupamos cargos de liderança na igreja. Como sempre, a Palavra de Deus nos traz resposta. Propósito O propósito de Deus, revelado nas Escrituras Sagradas, é que sejamos “conformes à imagem de seu Filho” (Rm. 8.29), em outras palavras, que sejamos como Cristo nessa Terra. Além disso, a Bíblia também afirma que fomos criados para o louvor da glória de Deus (Ef. 1.11). Sabemos que o pecado atrapalhou isso logo após a criação do homem, mas Cristo veio justamente resgatar o propósito original de Deus e dar condições para que isso fosse restaurado na vida dos que creem. Assim, o objetivo principal da nossa existência é continuamente render glórias e louvor a Deus, vivendo sempre para adorá-lo (Sl. 29.2). Até aqui estamos indo bem. Creio que todos concordamos com essa definição do nosso propósito de vida como cristãos. Porém, se pararmos nessa parte, podemos desenvolver um comportamento passivo, ou infrutífero, ou até mesmo egoísta em relação às demais pessoas ao nosso redor – “uma vez salvo, quero viver somente para adorar a Deus”. Sem percebermos, essa ideia pode se alojar em nossa mente e nos tornar inativos. Muitos monges, nos primeiros séculos da história da igreja, fizeram essa opção e se isolaram da humanidade e seus problemas. A Reforma Protestante no século XVI recolocou o cristão no centro da sociedade a fim de ter ações práticas e transformadoras, conforme a vontade divina. Lutero, em seu livro “Comércio e Usura” (1524), procurou desfazer a ideia do trabalho como algo degradante e dar a ele uma dimensão espiritual e digna. Nosso trabalho, como vocação, tem a missão de prover os recursos para nossa família, servir ao próximo e abençoar a Terra. Fomos alcançados pela graça de Deus a fim de sermos recriados em Jesus e ganharmos uma nova identidade. Mas também fomos salvos para as boas obras (Ef. 2.10). O ‘ser’ vem antes do ‘fazer’. Mas o ‘fazer’ precisa seguir ao ‘ser’ (Tg. 2.17). Chamado e vocação Nesse ponto podemos voltar à questão: “Mas o que eu devo fazer? Como descobrir o meu chamado e vocação?”. Antes de tudo é preciso dizer que essas duas expressões: vocação e chamado, por vezes, se misturam. A palavra ‘vocação’ se origina do verbo latino ‘vocare’ e significa ‘chamar ou chamamento’. Assim, o significado delas é tão próximo que em alguns momentos elas se interseccionam. Podemos ver isso no versículo abaixo: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados” (Ef. 4.1 RA). Separar um pouco as duas palavras ajuda a facilitar nosso entendimento e aplicação. Vamos considerar o termo ‘vocação’ como o nosso chamado natural; e o termo ‘chamado’ como a nossa vocação espiritual. • Vocação Nossa vocação tem a ver com aquilo que nós somos, nossos gostos, inclinações, talentos e habilidades inatas. Trata daquilo que naturalmente amamos fazer, fazemos bem e ainda traz realização e prazer. É o que nossa vontade e competência nos leva a praticar. É uma capacidade específica que nos inspira. Normalmente, é a nossa vocação que vai nos levar a fazer uma escolha acadêmica e profissional. Além disso, podemos ter vários outros tipos de vocação, como, por exemplo, uma vocação para a área esportiva, ação social, artes em geral, comunicação interpessoal etc., que não tenham necessariamente relação com uma carreira profissional. Para ajudar as pessoas a identificar melhor suas vocações naturais é que foram criados os chamados teste vocacionais, aplicados por profissionais ou instituições a partir do perfil psicológico e personalidade de cada pessoa. • Chamado Nosso chamado, agora do ponto de vista espiritual, tem a ver com aquilo que Deus nos convida a realizar em benefício da igreja e das pessoas que Ele deseja alcançar. Fala do modo, lugar e tempo em que nós fazemos o que temos de fazer – obedecemos à voz e à vontade de Deus para nós. Um chamado leva em conta os dons e talentos espirituais dados por Deus. E aqui, isso tanto pode coincidir com nossa vocação natural como pode nos levar a uma nova prática que nunca imaginamos para nós. Se em nossa vocação natural somos inspirados pelas nossas características pessoais pré-existentes, em nosso chamado somos comissionados do alto, pelo Espírito Santo, e capacitados por Ele para essa obra. Esse chamado tem duas dimensões, a primeira é a mesma para todos, e a outra é específica para cada um. Chamado comissional (de Deus para todo o Seu povo): é o mesmo para todos os cristãos, em todas as épocas e em todos os lugares. Não é apenas para pastores ou líderes em tempo integral, mas para todos quantos são feitos filhos de Deus. “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mt. 28.19-20). Chamado ministerial (de Deus para uma pessoa específica): é único e individualizado para cada cristão, num tempo e lugar determinados, baseado no seu dom. Ninguém receberá todos os dons, mas ninguém ficará sem pelo menos um dom. E esse dom aponta para seu chamado ministerial. “Cada um exerça o dom que recebeu para servir aos outros, administrando fielmente a graça de Deus em suas múltiplas formas” (1Pe. 4.10). Como identificar o chamado